segunda-feira, 1 de março de 2010

Nariz do Mundo - Moscoso - Cabeceiras de Basto

Este fim-de-semana estivemos no Nariz do Mundo, em Moscoso, um dos locais mais bonitos da Serra da Cabreira.

Moscoso pertence ao concelho de Cabeceiras de Basto, Distrito de Braga.


Pernoitamos e fizemos as nossas refeições no restaurante e albergue Nariz do Mundo, que assim se chama por ter a sua localização junto de um desfiladeiro rochoso com esse nome.

Com um toque rústico, o espaço é muito bem cuidado – as paredes de granito e as mesas e os bancos de madeira embelezam-no. Os quartos têm uma decoração simples mas com muito bom gosto.


Tivemos um pouco de azar com o clima, mas a verdade é que a partir da tarde de Sábado, apesar de chuvoso, o tempo conseguiu manter-se mais ou menos estável e foi-nos possível conhecer um pouco da região, dando alguns passeios… molhados.

Como não podia deixar de ser, no restaurante do Sr. João, envoltos num agradável calor, lambuzamo-nos com as delícias típicas daquelas paragens. Quisemos experimentar de tudo: começamos com chanfana de cabra bravia, costeletões de novilho na brasa, cozido à portuguesa e terminamos com rabanadas de mel e bolo de mel.

É, sem dúvida, um local que vale a pena conhecer.

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Portugal nunca me desilude no que toca à sua beleza! Mas desilude-me sempre na sua organização.
É admirável como, num país tão pequeno, conseguimos ter tanto e tão belo. O nosso rectângulo brinda-nos com paisagens estonteantes e totalmente diferenciadas em cada uma das suas regiões. Paramos no Baixo Minho, e somos confrontados com características paisagísticas diferentes das da ali vizinha Trás-os-Montes ou das do Alto Minho. Descemos para as Beiras e comparamos a singularidade de cada uma delas com a originalidade do Ribatejo ou do Alto Alentejo. As particularidades do Baixo Alentejo, da Estremadura ou do Algarve…

Percorramos o país de lés a lés e espreitemos cada pormenor das suas vistas – concluiremos que somos uns privilegiados, uns afortunados… e uns descuidados!
É incrível como não somos capazes de aproveitar nenhuma das potencialidades que a natureza e a história tão gentilmente nos ofereceu – não temos delimitações, sinalizações, indicações… Aparte dos esforços de particulares, que querem ver a sua região crescer e têm olho para vislumbrar a possibilidade de um negócio, não possuímos estruturas capazes de nos permitir fazer um turismo “cultural” e enriquecedor.

As perguntas curiosas dos nossos filhos, ou as nossas próprias, ficam sem resposta face à inexistência de qualquer informação.

- Olha aquela inscrição, aquela gravura, aquela pedra, aquelas ruínas, aquele monumento, aquela estátua, aquela qualquer coisa… Que bonito! O que é? De que época?
- Glup!!!... Errrrr… Não sei!

Ou bem que somos uns especialistas em história e geografia, ou, ficamos sem resposta. Pois que, caso sejamos ignorantes na matéria, não nos é permitido evoluir, já que não temos onde ir buscar informação sobre o que queremos saber.
Vamos à internet pesquisar sobre o assunto, mas não ficamos satisfeitos… procuramos em enciclopédias, pouco nos diz… (sobre muita coisa é mesmo nada), perguntamos a quem pensamos que sabe, e deparamos com imprecisões… Pois que, salvo alguns monumentos (os grandes monumentos, aqueles que já todos conhecemos e sabemos de cor a história e as historietas) que são reconhecidos como património cultural do nosso país, tudo está votado ao abandono estadual e ao esquecimento.
É pena que não sejamos competentes para preservar o que é nosso, não estejamos aptos para conhecermos e dar a conhecer o que de tão rico possuímos, que não sejamos capazes de nos orgulhar de sermos quem somos e de querermos mostrá-lo a toda a gente… Que não consigamos favorecer aquilo que, ao longo da história, os nossas antepassados foram construindo e nos delegaram em herança…


É o chamado: Dar pérolas a porcos!

9 comentários:

  1. Cara Teresa Fidalgo
    Este seu texto está em perfeita sintonia com o que eu penso. Na verdade acho que não somos merecedores do nosso legado histórico, porque deixámos de nos identificar com as nossas raízes, a história dos nossos antepassados nada nos diz. Felizmente que ainda existem portugueses como a Teresa, que se interessam pelo abandono da história. Se todos pensássemos assim, mesmo que as entidades oficias não valessem ao património abandonado, ele não estaria abandonado porque existiriam portugueses que velavam pela sua memória. Muita preocupação como essa revelou o Prof. José Hermano Saraiva nos seus excepcionais programas. Conseguiu valer a alguns monumentos.
    Para si, e para outros portugueses como a Teresa, o nosso legado histórico há-de ser sempre uma pérola entregue a quem a merece.
    Aqui, neste seu blogue, neste espaço em que me encontro, está a prova provada do que a história representa para nós. Costumam os seus textos ser muito concorridos com comentários. Quantos teve, até ao momento, a este seu excepcional texto?
    Briosas saudações.

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  2. Poeta do Penedo,
    É verdade o que diz. Aliás sei que este tema lhe é muito caro... consigo tenho aprendido muita coisa que não sabia, o que muito lhe agradeço.
    É pena que não nos preocupemos verdadeiramente com o que é nosso.

    Este verão estivemos em Foz Côa, de onde descendo. Na zona das Chãs fomos visitar o templo do sol. Basicamente são pedras! Pedras que têm muito que se lhe diga: são pedras, colocadas estrategicamente pelos Lusitanos, e que permitiam (e ainda permitem, está claro) identificar o solstício (uma) e o equinócio (outra), e mais uma outra que seria o local de adoração do deus sol.
    Quem liga a isso? Ninguém! A não ser um indivíduo (a quem chamam "louco", claro) que faz uns determinados rituais nessas alturas do ano. Ele tem uma página na internet, e pouco mais. O presidente de junta, colabora nas celebrações. De resto? Nada! Provavelmente lá para Lisboa nem sabem que existe.
    Quando lá estivemos quisemos saber mais, andamos a vasculhar, mas fora ilações, nada soubemos.

    Retribuição das saudações

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  3. Teresa,

    Fantástico post!

    Só mesmo quem passeia pelo nosso fantástico país, é que tem realmente noção do valor que le tem!
    Quanto a preservação do património... às vezes é melhor não lhe mexer, deixar estar como está, porque ás vezes só fazem asneirada! Ou quando fazem bem feito, lá tem o povinho que pagar a taxa de visita! Veja-se a vergonha não do castelo, mas o que estão a fazer no castelo de S. Jorge em Lisboa! Cobrar bilhete para ver um Castelo? Será que é assim que se promove o património nacional?

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  4. Dedo Político,
    É verdade o que diz, quanto ao facto de muitas vezes fazerem pior do o que está.
    Há uns anos largos quando fui visitar o Castelo de Evoramonte e o vi coberto de cimento, quase colapsei! Tentaram explicar-me que aquela era uma técnica nova de conservação, mas eu não acho nada que se possa conservar condignamente um monumento daquela natureza, de pedra, se o cobrirmos de cimento.
    Quanto ao resto, acho que se podia fazer muito mais e muito melhor.

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  5. Obrigado pelos vossos comentários.

    Dª Teresa Fidalgo hoje tomei conhecimento que "Nariz do Mundo " era uma casa boa e de bom aconchego será que me pode dar mais informações sobre esta casa e local.
    Carlos Vieira "carlosstcp@gmail.com"

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  6. Só nos sabemos queixar, e fazer queixinhas de que isto esta mal ,e aquilo esta pior, e há sempre alguem com um ar inteligente, que se manifesta a favor....mas meus amigos, não é assim
    que nos devemos manifestar!!! é enviar o nosso descontentamento, ao presidente da cámara, ao da junta de fréguesia, ao comandante da GNR, ao padre, e se possivel usar grafites na próxima
    visita, e na net criar um movimento de discordia
    contra a falta de informação no linq da cámara municipal.È assim meus queridos Amigos comodistas.

    Um grande abraço deste que anda sempre perdido em estradas secundárias.

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  7. 13 Fev 2011
    Tenho pena‎‎ Ontem fui almoçar a esta casa, (Nariz do Mundo)com a expectativa de encontrar o que a públicidade me recomendava, fiquei contente e triste, contente pois a paisagem é maravilhosa, o ar é excepcional e o sol estava lindo, triste, porque encontrei uma casa que é procurada por excursões, não tenho nada contra este tipo de clientes, mas tudo é servido e vivido dentro de um confusão extrema, e sem o minimo de condições para este tipo de serviço enfim 1 vez e chega, para não falar ,na falta de condições a nivel de instalações, salas sem janelas e com falta de luz o pormenor mais engraçado é que não tem sopa, e o pão tinha esgotado, tudo isto á 12,45 h, o Sr João é uma pessoa que encaixa bem as reclamações, mas vê se bem que a conta bancaria ja não se sente com obrigações, e trata as coisas com algum desprezo, enfim mais do mmais á moda do Portuga,

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  8. Carlos Silva,

    Só agora vi o seu comentário, por isso só agora posso dizer seja o que for:
    Este post não tem por fim fazer publicidade seja ao que for, apenas me limito, aqui neste meu espaço, a descrever as impressões que tenho àcerca... da vida, nada mais.

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  9. Sr,aaaaa

    Cada um acha o que quiser... e a mim tanto me vale que ache o mesmo que eu ou uma coisa totalmente diferente...
    ... não é (nem foi) minha intenção, quando escrevi este post, fazer nenhuma revolução - não pelo menos quanto a este tema... não estava assim tão zangada para isso... contudo, se o sr. aaaaa quiser tomar essas atitudes todas que fala, deve fazê-lo, com toda a convicção - a vida é feita de convicções. Se ficou tão zangado quanto demonstra nos cometários, deve agir e reagir.

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