quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Venha lá o Novo Ano!!!



É habitual fazermos um balanço da nossa vida a cada ano que acaba e formularmos desejos para o ano que se inicia.
Isto pode parecer uma patacoada, mas se calhar não é. Pois se aproveitarmos o fim de um ano para fazermos um julgamento sério a nós próprios, um balanço honesto dos nossos actos, o fim de um ano já serve para alguma coisa.

Por isso, façamos o tal balanço e … bora curtir p´ra festa!!!!


Feliz Ano Novo!!!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Na luta contra o aumento da factura da água!


A Câmara de Famalicão prepara-se para aumentar novamente a factura da água, já em Janeiro de 2010!
Famalicão já é um dos concelhos do país onde se paga mais pelos serviços de abastecimento de água, saneamento e resíduos, e com este aumento o peso vai tornar-se insuportável.
Segundo dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) ora Instituto da Água e dos Resíduos (IRAR), os municípios que apresentam as facturas anuais mais caras (acima dos € 267,00), por família média, são Famalicão, Barcelos, Aveiro, Vila Real, Lousada, S. João da Madeira, Póvoa do Lanhoso, Albergaria-a-Velhas, Paços de Ferreira e Póvoa do Varzim.

Do outro lado, estão os concelhos de Amares, AnsIão, Calheta (Madeira), Porto Moniz, Penedono, Lajes das Flores, Santa Cruz das Flores, S. Vicente, Corvo e Oleiros, com um encargo anual por família até 30 euros por ano. – consulte aqui o valor das facturas e critérios aplicados, por concelho.

O preço deste serviço varia conforme o sistema aplicável, e existem assimetrias enormes das tarifas no país – as tarifas finais chegam a variar de 1 para 30 – o que torna o esforço dos consumidores completamente injusto.
E parece que assim vai continuar – o governo afasta a hipótese de estabelecer uma tarifa única a nível nacional ou até mesmo uma banda tarifária de variação, admitindo apenas a criação de orientações para as autarquias fundamentarem os preços que praticam, continuando, portanto, a permitir as disparidades e arbitrariedades!

Em termos práticos, isto significa que uma família residente no concelho de famalicão que gaste, em média, 60m3 anuais – o mínimo dos mínimos – terá que pagar € 193,80/ano (€ 16,15/mês), correspondendo € 81,00 (€ 37,20 fixo e €43,80 variável) ao abastecimento de água; € 57,00 (€ 27,60 fixo e € 29,40 variável) de saneamento e € 55,80 (apenas fixo) a resíduos. Uma família que consuma 180m3 pagará € 399,00/ano (€ 33,25/mês).

Ou seja, uma família numerosa (como é o caso da minha – 5 pessoas) e que tenha por hábito tomar banho todos os dias (o que também acontece lá em casa), lavar a louça ou a roupa quando está suja (o que também fazemos), está LIXADA!!! Simplesmente LIXADA!

É certo que devemos controlar o consumo de água, que devemos ter preocupações ambientais, mas raio, o mínimo é o mínimo, e a higiene não pode ser um luxo!
Haverá certamente outros modos de poupar água, outras maneiras de consciencializar para os problemas do planeta! Não foi esta porventura uma medida desta natureza – o objectivo foi antes arrecadar dinheiro para os cofres camarários colocando o peso nos ombros dos consumidores!
Pois que se de cuidados com o ambiente se tratasse e a intenção fosse realmente prevenir o consumo excessivo de água por amor à natureza, este executivo deveria começar por tomar medidas que beneficiassem verdadeiramente o município: Designadamente ampliar a permeabilidade dos solos, através da ampliação da quantidade e extensão dos espaços verdes urbanos, e do aumento do uso de pavimentos permeáveis; Favorecer a infiltração das águas pluviais e a sua retenção em dispositivos subterrâneos de armazenamento, permitindo a redução do caudal; controlar o consumo de água na rega dos jardins municipais, por ex., regando directamente com água do subsolo; seleccionando as plantas adaptadas ao clima e que tenham baixas necessidades de água; combatendo os incêndios, etc, etc, etc.

Bom, mas voltando à vaca fria! A decisão de aumentar o valor da factura da água – que no caso concreto deste município respeita somente ao valor do saneamento – cabe exclusivamente à Câmara Municipal e não necessita sequer de aprovação da Assembleia Municipal.
Mas nós, famalicenses, podemos ter uma palavra a dizer, podemos lutar contra este abuso.
Façamos Manifestações de Protesto, Flash Mobs, assinemos Petições, mandemos Cartas ao Presidente da Câmara de desagrado, mas não permitamos este aumento, que é totalmente injusto e despropositado.

Como quer o Concelho atrair empresários, comerciantes e investidores se o mercado não é atractivo (e essa falta de atracção passa também, ou principalmente, pelas despesas inerentes ao desempenho da sua função – des. preço da água)? Como quer este executivo incentivar as famílias a residirem na nossa cidade se depois lhes atira com contas pesadíssimas impossíveis de controlar?
É preciso urgentemente sentido de responsabilidade!




Nota: Flash Mobs - multidão de pessoas, num sítio público, que realiza uma acção previamente combinada, e que deve dispersar por completo após a realização do proposto.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dar valor ao que é nosso



ALEX RYU JITSU é uma Arte Marcial moderna e eficaz de combate e defesa pessoal portuguesa, estudada e codificada por um famalicense – o Mestre Alexandre Carvalho – que, após longos anos de meditação e reflexão, a tornou real, em 18 de Julho de 1999, com a sua aprovação por unanimidade no seio de uma grande reunião de Mestres, Instrutores e Monitores da Organização (AAMF/APARJ/FPARJ), efectuada para esse fim.
Esta Arte Marcial tem as suas origens no Jeet-Kune-Do,no Kenpo/Fu-Shi, no Kick-Boxing, no Yawara-Jitsu, no Ninjutsi e no Iai.
Tem o seu reconhecimento merecido nas instâncias nacionais e internacionais.
O ALEX RYU JITSU é assim toda a técnica ou arte de combate e auto-defesa, traduzida por hábeis movimentos na aplicação prática de mãos, punhos e pés.
Visa aniquilação e destruição, não só do ataque, mas também do agressor.
Ensina-nos a actuar dentro de uma atitude marcial realista, de contacto real, sempre com uma atitude IRIMI, ou seja, usando a entrada com técnica de avanço, sem recuar, a não ter medo ou receio, mesmo em frente a agressor mais forte, ou agressão com arma, faca ou punhal.
Ensina-nos a combater, usando todas as armas naturais do corpo.
E tem uma Dupla Função: Rápida destruição do agressor, quando este provoque situações que se oponham à paz, justiça e humanidade; Destruir todos os traumas e perturbações do espírito, dando ao Ser Humano equilíbrio psico-físico, auto-domínio e paz interior.
Na Defesa Pessoal é essencial a Percepção (captar a intenção do adversário), a Reacção (decidir como agir) e a Acção (Agir).
O Alex Ryu Jitsu valoriza o Zen, ou seja, a Meditação e assenta na aprendizagem dos ensinamentos, das doutrinas e filosofias inerentes às insígnias e suas componentes, vocacionadas à formação pessoal e social dos jovens e adultos de modo a construir a sua personalidade. Tem o sentido de repouso e tranquilidade, incluídos na cultivação do espírito.
Através do Zazen, que significa Meditar Sentado, procuramos esvaziar a mente ⇒ “KARA” ⇒ Vazio, permitindo desenvolver o subconsciente, despertar e aguçar a auto-recepção, fazendo com que o corpo aja instintivamente ao menor movimento efectuado, captado pela auto-percepção.
É a arte do silêncio e do vazio – A ideia não é reduzir a mente a uma imbecil vacuidade, mas o de trazer de novo à cena a sua inata e espontânea inteligência, “usando-a sem se esforçar”.
O Zazen – Caminho ou via da meditação, da sabedoria, visa dar ao Ser Humano repouso, tranquilidade, auto-domínio, harmonia entre o corpo e a alma e ajudar ao desenvolvimento espiritual, formação pessoal e social, que tem como consequência a relação positiva do Homem para com a sociedade, com a finalidade de Atingir a Harmonia, a Compreensão, a Amizade e a Felicidade perfeita.
Em suma, o Alex Ryu Jitsu tem a sua essência nos seus Princípios Morais e Sociais que estão plasmados no Juramento Solene que cada praticante desta Arte Marcial deve pôr em prática em todas as vertentes da sua vida.
Dita assim:
Como praticante de Alex Ryu Jitsu, juro solenemente:
1 – Lutar com coragem, firmeza e espírito de sacrifício, para o domínio absoluto desta arte marcial.
2 – Lutar com firmeza contra todos os obstáculos que se oponham à paz, justiça e humanidade.
3 – Ser cortês, delicado e cívico no seio da sociedade.
4 – Juro, estar no princípio da acção para o desenvolvimento da amizade, união e respeito permanente para com os mestres, alunos e demais artes marciais.
5 – Procurar a elevação espiritual e ascensão na técnica, através do ensino e sabedoria suprema dos mestres.
6 – Somente aplicar a técnica ALEX Ryu Jitsu em caso de perigo real e só em defesa.
7 – Juramos ser membros dignos da comunidade.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Nick Cave

Um presente... não envenenado!!!

"Dia de Natal"


"Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso anti
magnético.)
Torna se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeus enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilowatts,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor – o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
Do Menino Jesus.

Jesus,
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
Fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas."

António Gedeão, in Máquina de Fogo

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Eles dizem...

"A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre." - Oscar Wilde




“Só há duas coisas infinitas: O Universo e a estupidez humana, e quanto à primeira não tenho a certeza” - Einstein

Suspiro Nocturno - Corvos

sábado, 19 de dezembro de 2009

Blogosfera familiar!!


Ontem estivemos, até às tantas, aqui em casa a criar blogues para toda a família!
Já estávamos todos cansadíssimos (quase adormecemos sobre o teclado), mas valeu a pena… Ficaram “lindérrimos”!!!!
A Bárbara já era colaboradora do seu blogue de turma – o csc14 – e já estava, de certa forma, entrosada no assunto. A Gabriela e o Miguel iniciaram-se agora!
Estavam todos entusiasmados, e não era para menos: já eram verdadeiros escritores da blogosfera!
Foram eles que escolheram os nomes dos seus blogues, o formato e o post que colocaram para sua apresentação… A minha actuação restringiu-se a uma simples colaboração técnica. Deixei tudo ao critério deles, de acordo com os seus gostos, e acho que tomaram óptimas decisões.
No seu blogue – Ler a Brincar – a Bárbara pretende colocar textos da sua autoria, muitas imagens e vídeos…
A Gabriela no O que está em JOGO optou por colocar textos seus, vídeos e imagens, mas também vai aproveitar para dar alguns conselhos…
O Miguel… porque ainda é pequenino e não sabe ler nem escrever vai, no Heróis de Banda Desenhada, postar muitas imagens dos seus heróis preferidos, mas vai pedir-me sempre para escrever uma pequena frase para as acompanhar.
Agora eles são os meus mais recentes seguidores, e os mais fervorosos… e eu retribuo-lhes a gentileza! Sou a fã nº 1 de cada um deles…
Bom, como mãe babada, e porque considero que este é o acontecimento mais importante do dia, não podia deixar de o noticiar, e aproveitar para os congratular e felicitar…
Parabéns filhos pelos vossos blogues!… Desejo-vos que nunca percam o entusiasmo pela escrita e que continuem a colocar bons postes…

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Quando não há pachorra...

Até podia falar da lei que foi hoje aprovada pelo governo, podia! (até porque sou a favor). Mas não me apetece! Já correu pena que chegasse...
Podia falar do sismo, mas também não estou para aí virada! (nem o senti...).
Do red bull air race... por exemplo...

Podia... mas se não me apetece fazer nada, nem falar sobre nada... mais vale voltar-me para a música...



quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Crime de Khilwa

Consiste este crime no facto de alguém privar sozinho com pessoas do sexo oposto que não sejam membros da sua família directa.
Ora, em Março passado,Khamisa Mohammed Sawadi, uma mulher de 75 anos de idade de nacionalidade síria, foi condenada a 40 chicotadas, quatro meses de prisão na Arábia Saudita, onde reside, e sua posterior deportação para a Síria, por ter cometido ESTE CRIME. A penas semelhantes foram também condenados os jovem Hadyan e Fahad que estavam com ela em sua casa.

Tais sentenças foram proferidas pelo tribunal da cidade de al-Shamli, a norte de Riyadh, capital do país.
O veredicto foi, subsequentemente, confirmado pelo Tribunal de Recurso. A pena será aplicada em breve.

No momento do seu primeiro julgamento, Fahad e Hadyan declararam em sua defesa que estavam a entregar pão a Khamisa Mohammed Sawadi. Fahad argumentou que a ofensa khilma não se aplicava uma vez que era parente de Khamisa, que o amamentou enquanto criança. O tribunal, porém, recusou este argumento.

Acredita-se que Khamisa Sawadi poderá não resistir ao castigo corporal, pelo que urge uma tomada de posição contra este caso em particular, mas fundamentalmente contra este estado de coisas.
Aliás, convem não esquecer que a Arábia Saudita é Estado-membro das Nações Unidas e subscritora da Convenção das Nações Unidas Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas e Degradantes.

A Amnistia Internacional está empenhada na luta por esta causa, e eu a ela me associo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Portugal foi o 3.º a perder mais empregos na UE



Portugal foi o terceiro país da UE que perdeu mais postos de trabalho no terceiro trimestre e tem a quarta mais elevada taxa de desemprego entre os países da OCDE. Segundo os dados do Eurostat, o mercado de trabalho português sofreu uma contracção de 1,1% entre Julho e Setembro, face ao trimestre anterior, o que corresponde ao terceiro pior desempenho e a mais do dobro da diminuição verificada na União Europeia (UE). Com a pior performance entre os 27 Estados-membros surge a Letónia, cujo mercado de trabalho se contraiu em 5,7% no terceiro trimestre, seguida pela Espanha, onde o número de empregados desceu mais 1,5%.

Os mesmos dados revelam que na zona euro houve 712 mil pessoas que perderam os seus postos de trabalho no terceiro trimestre do ano, o que corresponde a uma quebra de 0,5% em relação aos três meses anteriores.

As condições do mercado de trabalho na UE a 27 também se degradaram, tendo o emprego diminuído 0,5% no terceiro trimestre do ano, o que significa que, no total, mais de um milhão de europeus ficaram sem emprego.

A taxa de desemprego em Portugal subiu para 10,2% em Outubro, o valor mais elevado de que há registo, também de acordo com os últimos dados mensais do Eurostat. Esta taxa de desemprego é a quarta mais elevada entre as três dezenas de países desenvolvidos que são membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Segundo o Jornal de Negócios, os dados divulgados pela instituição sediada em Paris, confirmam a taxa que havia sido já avançada pelo Eurostat para Portugal e anuncia que Espanha lidera, e com grande margem, a tabela do desemprego, com uma taxa de 19,3% . Seguem-se a Irlanda com 12,8% e a Eslováquia com 12,2%. Assim, Portugal é o quarto da tabela, surgindo empatado com os Estados Unidos. Para além destes países, só a França apresenta igualmente uma taxa de desemprego de dois dígitos: 10,1% em Outubro.

in esquerda.net

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Natal consumista!

Está a chegar o Natal… e eu já começo a ficar deprimida!
As compras de Natal deixam-me, como dizia o outro, bestialmente enjoada! (as dos outros, sim, porque eu recuso-me).
As ruas entopem-se de gente que anda atarefada a gastar os últimos cêntimos nas ofertas para @s filh@s, as mulheres e os maridos, @s pais e @s sogr@s, @s ti@s, @s prim@s, @s colegas de trabalho, e até para @ chefe de quem dizemos mal todo o ano, imagine-se!
Damos (e recebemos) prendas a quem não conhecemos, a quem não gostamos, a quem não queremos. Damos e recebemos oferendas que não servem para nada! E isto tudo, porque somos obrigados!!!! Porque é Natal!!!
Quando queremos presentear alguém que gostamos, a quem realmente conhecemos os gostos, devemos fazê-lo sem o peso imposto pela celebração de um nascimento que nem sequer é o nosso.
As exigências são cada vez maiores… Para não parecer mal “eu tenho que comprar um presente que custe, pelo menos, X” … Parece mal o raio! Mal parece termos que andar ao sabor dos outros, ao sabor dos ventos do consumismo.

E os jantares??? Ai os jantares é que me deixam maluca!!!
Temos que jantar com gente com quem não nos apetece sequer tomar café… mas é Natal!!! E se é Natal, e é costume (esta do costume ainda me deixa mais fora de mim), temos que ir, e se faltarmos… bem, se faltarmos… é porque somos uns seres completamente anti-sociais!
Mas claro, contrariados ou não, lá vamos nós, autómatos, celebrar o tal Natal, porque é tradição!

E a música na rua??? Todo o dia, todo o dia sem parar, e sempre a mesma!!! Qualquer um que trabalhe no centro já deita música pelo nariz!

O Natal devia ser INCONSTITUCIONAL!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Princesa Tiana - a princesa Negra


Tiana é a protagonista do filme ‘A Princesa e o Sapo’ com previsão de estréia nos Estados Unidos para o dia 11 de Dezembro de 2009. O filme marca o retorno da Disney aos musicais com trilha sonora de Randy Newman. Tiana é a primeira princesa negra da Disney, e o filme é baseado num conto chamado ‘A Princesa Enfeitiçada’ de E.D.Baker, escrito em 1920 e destinado aos adolescentes.


No filme, todos os personagens serão negros, com excepção do príncipe, que é branco.
Esta história traz, na sua génese, a discussão sobre a igualdade racial, e despe-se de preconceitos.
Defendo que a transformação da sociedade se faz através da educação, adquirida através daquilo que vemos, lemos e ouvimos, através do que nos ensinam, dos conhecimentos que nos transmitem.
Subtilmente a nossa mente transforma-se.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

À espera no Centeio, de J.D. Salinger, 1951.


Acabei de ler o livro À espera no Centeio

Que prazer de leitura!
O romance é simples, voltado para a oralidade e cheio de emoções. É um daqueles livros que começando-se, só se pára na última página.
Digamos, é uma tragédia com humor, que narra dois dias da vida de um rapaz de 16 anos, Holden Caulfield, após a sua expulsão de um colégio particular de renome, situado nos subúrbios de Nova-Iorque, Pencey Prep, na década de 1950. Caulfield, é um adolescente rebelde e impulsivo, que vive preso na angústia inerente ao rumo artificial e hipócrita que a sua vida parece querer tomar.
Optou o autor por contar a história na primeira pessoa, imprimindo-lhe assim um cariz autêntico e natural.
O romance prima pela espontaneidade da linguagem, onde o calão e os palavrões são frequentes (sem serem ofensivos) e a repetição das expressões uma constante: O Holden está sempre “bestialmente deprimido” com tudo; e nunca “está para aí virado”, se o assunto o chateia… E chateiam-no muitos assuntos… Ele é boa pessoa, (“a sério que é”), tem bom coração (“e tudo”), até entende o que os outros lhe querem dizer, mas a verdade é que “não está para aí virado” e a maior parte das coisas e das pessoas “enjoam-no”. Ao longo da narrativa vamos lendo, amiúdas vezes, expressões como: «sinto-me bestialmente deprimido», «deu-me cabo dos cornos», «sinto-me só», «essa merda deixou-me ainda mais só», «não passam de refinados estupores», «armante do cabrão», «cretinos», «é uma coisa que me deixa louco», «poça, o que eu odeio tretas destas», «era de vomitar», «que é uma coisa que me deixa sempre lixado».

Esta história podia ter sido escrita ontem… ou hoje…, ou passar-se em qualquer outro lugar… trata-se, no fundo, de uma análise da condição humana, que é olhada com crítica e sem pudor.
A forma como o protagonista vê os outros, o que pensa a respeito das pessoas, das coisas, das situações que vai vivendo é bastante peculiar; fala dos amigos, da família, de sexo, de religião, da morte, do amor, com um humor inconsciente, mas refinado e profundo – pode ler-se imenso nas entrelinhas…
Começa assim:
“Se estão mesmo interessados nisto, então a primeira coisa que devem querer saber é onde é que nasci, e como foi a porcaria da minha infância, o que faziam os meus pais e tudo antes de eu ter nascido, e toda essa treta estilo David Copperfield, mas não estou nada para aí virado, para dizer a verdade. Primeiro, porque é o tipo de coisa que me chateia, e segundo porque os meus pais eram capazes de ter dois ataques cada um se eu me pusesse a contar alguma coisa de mais pessoal acerca deles. São bastante susceptíveis com coisas do género, especialmente o meu pai. São simpáticos e tudo…não é isso, mas também são susceptíveis como o raio. E depois não lhes vou contar a merda da minha autobiografia toda nem nada que se pareça. Vou-lhes contar só aquela história de loucos que me aconteceu o ano passado por volta do Natal antes de me ter ido completamente abaixo e de ter vindo parar aqui para me pôr em forma. Aliás, também foi só o que contei ao D.B. e ele é meu irmão e tudo. Ele está em Hollywood. Não fica muito longe deste sítio merdoso e vem cá visitar-me praticamente todos os fins-de-semana. É ele que me vai levar de volta para casa quando sair daqui, talvez para o mês que vem. Comprou agora um jaguar. Um daqueles brinquedinhos ingleses capazes de dar trezentos à hora. E que não lhe custou muito menos do que quatro mil brasas. Tem massa que se farta, agora. Dantes não. Era um escritor a sério, quando estava em casa. Escreveu aquele livro de contos incrível, O Peixinho Vermelho Secreto, para o caso de nunca terem ouvido falar. O melhor conto era “O Peixinho Vermelho Secreto”. Era sobre um miudito que não deixava ninguém ver o peixinho vermelho dele porque o tinha comprado com o seu próprio dinheiro. Deixou-me sem fala. Agora está em Hollywood, o D.B., a prostituir-se. Se há uma coisa que odeio, é o cinema. Nem quero que me falem nisso.”
(…)

O título À espera no centeio é no mínimo curioso e revelador: Holden gostava de estar no centeio a apanhar todas as crianças que desatassem a correr para o abismo, ou seja, gostava de impedir que as crianças crescessem e entrassem nesta fase triste e deprimente que é ser adulto.

Vale a pena ler, vale mesmo a pena!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Petição internacional de apoio a Antonio Tabucchi

A petição já tem 2500 assinaturas, mas entre os nomes sonantes é difícil encontrar italianos. "A iniciativa partiu do meu editor francês, o que considero bastante singular, sendo eu um escritor italiano", diz Antonio Tabucchi. Trata-se de um apelo internacional de solidariedade com o escritor, "alvo do poder berlusconiano", escrevem os promotores, a Gallimard.

O autor de "Afirma Pereira" começou a ser julgado em Maio na cidade de Pisa, acusado de "danos de imagem". O acusador é Renato Schifani, presidente do Senado, "segunda figura do Estado", como sublinha Tabucchi.

O "amigo de bilionários" quer uma indemnização de 1,3 milhões de euros por causa de um artigo que Tabucchi publicou em 2008 no jornal L"Unità. O escritor colocou-se então ao lado do jornalista Marco Travaglio (signatário da petição), que num artigo no mesmo jornal notara que os perfis sobre Schifani não referirem as ligações do político a pessoas condenadas por laços à máfia. Tabucchi comenta a "pouca sorte" do senador, que ao longo de 15, 20 anos fundou empresas "sem nunca se aperceber que o fazia com mafiosos, presos sempre que ele acabava de sair" dessas empresas.

A petição quer chamar a atenção para o facto de Schifani não ter processado o jornal mas só o escritor: "isolar um intelectual é massacrá-lo", intimidá-lo é um ataque "à liberdade de expressão". E ainda "obrigar a imprensa italiana a dar conhecimento do caso". Entre os signatários contam-se Manuel Alegre, o cineasta Fernando Lopes ou a escritora Lídia Jorge. Também os prémios Nobel da Literatura José Saramago e o turco Orhan Pamuk. A Gallimard, diz Tabucchi, estava "cansada de defender só os escritores turcos".

Assim vai a Itália, "um belo país". Pelo menos, "a torre de Pisa está no lugar, o Coliseu também", desbafou Tabucchi.

NOTÍCIA DO PÚBLICO

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PETIÇÃO

Para Antonio Tabucchi

As democracias livres precisam de indivíduos livres. De indivíduos indisciplinados, corajosos, criativos. Que ousem, que provoquem, que desassosseguem. É assim para os escritores cuja liberdade da ‘pluma’ é indissociável da própria ideia de democracia. Desde Voltaire e Vítor Hugo a Camus e Sartre, passando por Zola e Mauriac, a França e as suas liberdades sabem aquilo que devem ao livre exercício do seu direito de ver e de dever de alertar para a opacidade, das mentiras e das imposturas dos poderes. E a Europa Democrática, desde que foi construída, não parou de se confrontar com esta liberdade dos escritores contra abusos de poder e razões estatais.

E não é que na Itália, essa liberdade foi agora posta em causa através de um ataque desmedido dirigido a Antonio Tabucchi. O presidente do senado italiano, Renato Schifani, pediu-lhe em tribunal a soma exorbitante de 1350 mil euros devido a um artigo publicado no «Unita» – jornal que, no entanto, não é perseguido. O crime de Tabucchi foi interpelado Schifani, personagem central do poder berlusconiano, sobre o seu passado, as suas relações negociais e andanças duvidosas – questões sobre as quais se recusa a comentar. Interrogar o itinerário, a carreira e a biografia de um alto responsável público faz parte da necessidade e das legítimas curiosidades da vida democrática.

A escolha particular deste alvo – um escritor que não renuncia a exercer a sua liberdade – e pela soma reclamada – um montante astronómico para um caso de imprensa –, o objectivo é intimidar uma consciência crítica e, com isto, calar várias vozes. Das recentes perseguições contra a imprensa opositora a este processo dirigido a um escritor europeu, não podemos ficar indiferentes e passivos perante tal ofensa do poder italiano contra a liberdade de julgar, criticar e interpelar. É por isso que manifestamos a nossa solidariedade com Antonio Tabucchi e apelamos para que mais se juntem, assinando massivamente esta petição.

EU JÁ ASSINEI

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O MESTRE DA PACIÊNCIA

Conta a lenda que um velho sábio, tido como mestre da paciência, era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um homem conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu com a intenção de desafiar o mestre. O velho aceitou o desafio e o homem começou a insultá-lo. Chegou a jogar algumas pedras e cuspiu em sua direcção e gritou todos os tipos de insultos.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.
No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o homem se deu por vencido e retirou-se.
Impressionadas, as pessoas perguntaram ao mestre como ele pudera suportar tanta indignidade.
O mestre perguntou:
- Se alguém chega até você com um presente e você não o aceitar, a quem pertence o presente?
- A quem tentou entregá-lo. - respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos.
Quando não os aceito, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.

A sua paz depende exclusivamente de si.
As pessoas não podem lhe tirar a calma... a não ser que você permita."

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Qual é a família tradicional que se quer preservar ?...

Ponto morto

A minha primeira mulher
se divorciou do terceiro marido.
A minha segunda mulher
acabou casando com a melhor amiga dela.
A terceira (seria a quarta?)
detesta os filhos do meu primeiro casamento.
Estes, por sua vez, não suportam os filhos
do terceiro casamento da minha primeira mulher.
Confesso que guardo afeto pelas minhas ex-sogras.
Estava sozinho
quando um dos meus filhos acenou para mim no meio do engarrafamento.
A memória demorou para engatar o seu nome.
Por segundos, a vida parou, em ponto morto.


Augusto Massi (Escritor brasileiro)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Loucos e Santos



Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade loucura, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, brincalhões e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Língua Gestual Portuguesa


Há uns anos, assisti a um julgamento em que os arguidos eram todos, ou quase todos (já não me lembra…) surdos-mudos.
O julgamento teve, como manda a lei, interprete…
Confesso que fiquei fascinada e a partir daí comecei a investigar um pouco sobre a matéria.
Fiquei a saber que era errado dizer-se Linguagem Gestual. Que a forma correcta é Língua Gestual – Esta língua tem todas as características que tem qualquer outra língua: vocabulário próprio; alfabeto específico; gramática…
Também fiquei a saber que as pessoas que usam a Língua Gestual não são necessariamente surdas - é antes a forma pela qual comunicam pessoas que não conseguem verbalizar sons e / ou não conseguem ouvir; e que às vezes os surdos, quando treinados, podem verbalizar palavras.
… Diferentes países têm diferentes línguas gestuais…
A utilizada em Portugal chama-se LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Nem tudo está mal!

A EB1 Conde S. Cosme tem um novo funcionário: O Sr. José.
A primeira vez que tive oportunidade de falar com ele, disse-me, referindo-se às crianças: «Sou suficientemente velho para os aconselhar, e suficientemente novo para os compreender!»
E é verdade…
Desde que chegou àquela escola – há coisa de um mês – o Sr. José já conquistou alunos, professores, e encarregados de educação…
… Já podou árvores, já varreu folhas, já demarcou os lugares de estacionamento…
… Já construiu uma árvore de Natal, bem original, no pátio da escola…
… É ele que está ao portão a controlar as entradas e as saídas dos alunos, e sempre com um sorriso…
… É ele que leva os miúdos do horário normal à cantina para almoço, e ele que os traz…
… Ele tem tempo para as brincadeiras na hora do recreio…
… Ele ajuda a estacionar, e salta para o volante dos veículos dos condutores mais inábeis…
… E, ao que parece, gosta do que faz…
Viva o Sr. José!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Domus Iustitiae...

Um dia igual a tantos outros! No Tribunal…

– Atenção, por favor, vou proceder à chamada do Xº Juízo.
- Proc. nº XXX/08.XTJXXX:
- Arguidos?
- Presente(s).
- Queixoso?
- Presente.
- Mandatários?
- Presente(s).
- Testemunhas?
- Presente(s).
- As pessoas que eu chamei dirijam-se, por favor, para a frente da Sala de Audiências nº 1 e aguardem.

(Passado meia hora…)

- Proc. nº XXX/08.XTJXXX, em que são arguidos Fulano, Beltrano e Sicrano… O Julgamento vai ser adiado para a próxima data, já designada, por INDISPONIBILIDADE DO TRIBUNAL. As pessoas que eu chamei ficam desde já notificadas, e não será necessária outra convocação.
Quem precisar de justificação, dirija-se à secretaria…

E ainda se pergunta porque é que a Justiça é lenta!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sempre oportuno...





Elogio da Dialéctica

A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam.
E em todos os mercados proclama a exploração: isto é apenas o meu começo.


Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.

Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe? Também de nós.
O que é esmagado, que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca será: ainda hoje.

Bertolt Brecht

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Na Terra do Medo!

Vejo, com grande tristeza, que na nossa terra não se debate com abertura, não se contesta com frontalidade, não se luta pelo que se acha certo, não se enfrentam com coragem os problemas.
Parece-me estranho existir quem vê, ouve, sabe, sente a injustiça (dirigida a si ou aos outros); vê, ouve, sabe, sente um caso (ou mais) de corrupção; vê, ouve, sabe, sente uma situação de tráfico de influências… e fique calado. E ficar calado é NÃO DENUNCIAR PELOS MEIOS PRÓPRIOS.
Parece-me estranho que não se lute por algo em que se acredita. Parece-me estranho que não se apoie quem julgamos que tem razão.
A primeira vez que tive contacto com um processo judicial de alguém aqui de Famalicão, ainda eu exercia a minha actividade no Porto. Nessa altura, fui surpreendida pelo meu cliente quando ele me asseverou QUE NÃO TINHA TESTEMUNHAS.
- Mas não tem testemunhas? Não tem testemunhas como? Porquê? Ninguém viu? - Perguntei abismada.
- Não, não é isso… – explicou timidamente – As pessoas não querem ser testemunhas…
- Não querem ser testemunhas? Não querem ser testemunhas, porquê? – Continuava eu cada vez mais admirada.
E não queriam porque não queriam pôr os seus empregos em causa; não queriam confusões; não se queriam expor… enfim, porque tinham MEDO.
- Medo? MEdo? MEDo? Mas MEDO de quê? Medo porquê? – Indagava espantadíssima.
Na realidade, não entendi. Não entendi nem aceitei.
- É impossível! O Sr. fale com os seus colegas, explique-lhes a situação, alguém há-de ser sua testemunha.
O assunto, naquele dia, ficou por ali, mas para mim estava longe de ser encerrado.
Depois disso, insisti com o cliente até à exaustão… Telefonei-lhe enumeras vezes, marquei imensas consultas, sempre com o mesmíssimo assunto:
- Então, Sr. X, já arranjou testemunhas? Sabe que sem testemunhas não há processo? – Dizia-lhe eu.
E ele sabia, mas a sua resposta era sempre a mesma:
- Sabe… ninguém quer… eu até compreendo, eles têm a vida deles e não os posso prejudicar…
- Não os pode prejudicar? Isso não pode ser! Hoje é o Sr. que precisa deles, amanhã são eles que precisam de si… - Pois quem não compreendia era eu.
O tempo foi passando, até que chegou a hora de apresentar o chamado ROL DE TESTEMUNHAS. Já não tínhamos tempo para hesitações, era mesmo urgente indicar alguns nomes, caso contrário, teríamos que desistir da acção.
Nessa altura, afirmei-lhe que qualquer cidadão, conhecendo os factos, tem obrigação de ser testemunha e que os deve relatar com verdade em Tribunal. Ele, a medo, respondeu que haveria de indicar esses nomes…
… E assim foi…
O limite máximo de testemunhas, naquele caso, era de 20 – 5 por cada quesito – e o Sr. X ofereceu 20 depoentes.
- Então, Sr. X, sempre conseguiu quem viesse confirmar a sua história? – Disse.
- Pois, parece que sim. – Balbuciou ele.
- Vamos lá ver… o que sabem elas? – Inquiri.
- Tudo… - Retorquiu. – Todas trabalham lá, todas viram isto, aquilo, aqueloutro…
- Pronto… - Disse eu vitoriosa – afinal temos testemunhas!
Preparamos o julgamento, decidimos ao que cada uma ia responder… e estávamos confiantes… Nada podia falhar. É claro que, aquelas pessoas, tendo conhecimento do que se tinha passado, não iriam ter a CORAGEM de o negar em Tribunal.
Lá isso era, era se fosse!
Chegou o dia do julgamento… começou a ouvir-se a prova (A NOSSA PROVA, POIS CLARO!)… As testemunhas foram entrando… e eu instando…
- Bom dia Sr.ª Testemunha. Diga-me, por favor, sobre este assunto o que se passou?
E as ditas, uma a uma, foram respondendo:
- Não sei, não vi, não sei…
Não queria dar-me por rendida, e teimei:
- Mas, no dia tal a Sr.ª Testemunha não estava no seu posto de trabalho?
- Ah, e tal, estava... mas não vi, não ouvi, não sei de nada… - Asseguravam.
Primeira, segunda, terceira, quarta … vigésima testemunha, todas com a mesma resposta.
- O quê? Não sabe? Não viu? Não ouviu? – Perguntava enquanto entreolhava o cliente completamente incrédula.
Estava escandalizada! Não sabia que isto podia acontecer! Não estava habituada a isto!
Normalmente travava combates duríssimos, onde as partes contestantes disputavam em pé de igualdade. Estava acostumada a ver os adversários apresentarem-se em Juízo com as mesmas armas. Até estava avezada a ver gente oferecer-se para testemunha, imagine-se!
Pois bem,… Terminou o julgamento, foi proferida a sentença… e, claro está, a acção foi julgada totalmente improcedente por falta de prova…
Devo dizer que a primeira experiência profissional aqui na terra me deixou profundamente decepcionada!
A partir daí, mais casos se sucederam… E a resposta primeva ao meu pedido de testemunhas é invariavelmente a mesma: EU NÃO TENHO TESTEMUNHAS… NINGUÉM QUER…
E ninguém quer porque TEM MEDO! Medo sabe-se lá do quê! Medo principalmente de desarranjar as suas vidinhas… que estão tão bem assim… Problemas para quê?
…É esta consciência humana que, por mais que me esforce, não consigo compreender, não aceito nem me resigno!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

DESIGUALDADES?...

Há uns tempos, abriu uma florista por baixo do meu escritório. Quis ela, então, colocar um pequeno tolde por cima da sua porta.
Foi à Câmara… E veio aqui…
Na Câmara tinham-lhe exigido umas certas declarações dos vizinhos, autorizando-lhe a colocação do dito tolde. Sem isso, nada feito!
Passamos a declaração, carimbada e assinada, tal como impôs a autarquia.
No mês passado abriu a Parfois… Hoje espreitei para a rua... e qual não foi o meu espanto quando vi dois grandes toldes pretos em toda a extensão da loja. Um, exactamente por baixo da minha janela, o outro, por baixo da minha varanda.
A mim, pelo menos, ninguém me pediu permissão...

sábado, 7 de novembro de 2009

Biografia de Francisco Louça

Está já nas livrarias, editado pela Bretrand, a Biografia de Francisco Louçã, da autoria de António Simões do Paço.
Apesar dos seus 53 anos (nasce a 12 de Novembro de 1956), o coordenador do Bloco de Esquerda é detentor de um longo percurso político, e de um curriculum académico e profissional invejável.
Desde muito novo marcou posição na luta contra o fascismo e a guerra colonial, participando activamente no movimento estudantil dos anos setenta. Em Dezembro de 1972 foi preso na Capela do Rato, sendo depois libertado de Caxias sob caução. Entre 1973 e 1978, pertenceu à LCI, e fez parte da estrutura da direcção. Fundou, em 1979, o PSR, partido que veio a integrar o Bloco de Esquerda, em 1999.
É, desde a instituição do BE, membro da sua direcção e por este partido foi eleito deputado por Lisboa em 1999, reeleito em 2002, em 2005 e 2009.
Em 2006, candidata-se à Presidência da República.
É membro da Direcção do Partido da Esquerda Europeia.
No Parlamento, pertence às comissões da área de economia e finanças e, durante uma legislatura, pertenceu igualmente à comissão de liberdades, direitos e garantias. Foi um dos intervenientes na preparação da reforma fiscal parcial de 2000. Fez parte de várias comissões de inquérito e dirigiu a bancada do Bloco de Esquerda no parlamento durante alguns anos.
Apresentou e defendeu inúmeros projectos de lei da sua bancada, alguns dos quais foram aprovados: criminalização da violência doméstica, acesso livre à contracepção de emergência, descriminalização do consumo de drogas e nova política para a toxicodependência, legalização das medicinas alternativas, lei sobre a informação genética e pessoal de saúde, redução dos prazos do trabalho a prazo, novas políticas fiscais e outras. Defendeu projectos de extrema importância para o desenvolvimento do país, mas que foram recusados, nomeadamente sobre a criação de um imposto sobre as grandes fortunas, sobre as regras para o levantamento do segredo bancário para efeitos de combate à fraude fiscal, generalização da banda larga, separação entre drogas leves e duras, administração médica de canabinóides em doentes terminais e crónicos e outros.
Participou como convidado no Fórum Social Mundial de Porto Alegre e em diversos fóruns e contra-cimeiras na Europa. Participou em conferências políticas em diversos países, como a França, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Suíça, Países Baixos, Bélgica, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Nicarágua, Equador, Colômbia e Argentina.
Como estudante, Francisco Louçã foi brilhante: No liceu Padre António Vieira, em Lisboa, onde estudou, foi galardoado com o prémio Sagres, atribuído aos melhores alunos do país; no Instituto Superior de Economia, foi distinguido com o prémio Banco de Portugal, para o melhor aluno de economia; também no ISE concluiu o mestrado, recebeu o prémio JNICT, para o melhor aluno e terminou o doutoramento, tendo nas provas de agregação aprovação por unanimidade.
Como Professor Universitário seguiu uma carreira repleta de méritos: Em 2004 venceu o concurso para Professor Associado, por unanimidade do júri. É Professor Catedrático do Departamento de Economia do ISEG, em Lisboa, onde tem continuado a dar aulas e preside a um dos centros de investigação científica (Unidade de Estudos sobre a Complexidade na Economia).
Foi professor visitante na Universidade de Utrecht e apresentou conferências nos EUA, Inglaterra, França, Itália, Grécia, Brasil, Venezuela, Noruega, Alemanha, Suíça, Polónia, Holanda, Dnamarca, Espanha.
Francisco Louçã é ainda autor de uma ampla obra no campo da economia e do ensaio político. Publicou artigos em revistas internacionais de referência em economia e física teórica e é um dos economistas portugueses com mais livros e artigos publicados traduzidos em inglês, francês, alemão, italiano, russo, turco e japonês.
Em 1999, recebeu o prémio da History of Economics Association para o melhor artigo publicado em revista científica internacional. É membro da American Association of Economists e de outras associações internacionais, tendo tido posições de direcção em algumas; membro do conselho editorial de revistas científicas em Inglaterra, Brasil e Portugal; “referee” para algumas das principais revistas científicas internacionais (American Economic Review, Economic Journal, Journal of Economic Literature, Cambridge Journal of Economics, Metroeconomica, History of Political Economy, Journal of Evolutionary Economics, etc.).
A par desta ampla activdade política e profissional, Louçã ainda encontra tempo para desfrutar os seus tempos livres com a filha e a mulher, a médica Ana Campos, com quem já vive há cerca de 30 anos.
Francisco Louçã é hoje, sem dúvida, dado o seu precioso curriculum, uma figura de referência para Portugal.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Porque eu gosto...

Cântico Negro

Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio