segunda-feira, 26 de abril de 2010

25 de Abril, Sempre!


Não me esqueci, nem podia, deste grande dia que é o 25 de Abril.
Nem deixei passar em branco.
No entanto, desta vez resolvi, porque tive o amável convite do dedo político para o fazer, usurpar o seu blogue e escrever lá o meu texto.
Se quiserem dar uma olhadela, está aqui.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os 40 anos do Dia da Terra!


Já todos ouvimos falar dos problemas que o nosso modo de vida tem vindo a causar ao meio ambiente no planeta. Todos sabemos que o ar, a água e os solos estão contaminados. Todos somos sabedores da destruição de ecossistemas, da centenas de milhares de plantas e espécies animais que foram dizimadas. Todos conhecemos a limitação dos recursos não renováveis e o seu esgotamento. Todos sabemos isso tudo…

Não é novidade para ninguém que a capacidade da Terra de renovar seus próprios recursos e de absorver resíduos já se encontra comprometida por um padrão de produção e consumo insustentável e injusto.

E não é notícia o facto de menos de 20% da população deter 80% dos recursos naturais do globo, relegando a imensa maioria a uma situação de incontestável pobreza.

Sim, todos sabemos… mas daí a implementar práticas ambientais no nosso dia-a-dia… vai uma grande distância!

Muito se fala em Redução, Reutilização e Reciclagem… Mas estaremos verdadeiramente dispostos a reduzir, reutilizar e reciclar?

É verdade que a responsabilidade cabe a todos nós, cidadãos, que teimamos em não alterar os nossos hábitos, que continuamos a reger a nossa vida pelo comodismo desmedido.

No entanto, pese embora as diversas iniciativas que possamos ter individualmente, elas não serão suficientes sem o apoio e a determinação do Estado.

Entendo que, em rigor, a imputação da culpa cabe, em primeira mão, aos nossos governantes e que o problema maior do meio ambiente passa pela falta de vontade política.

Senão digam-me:

Onde estão as políticas integradas de acessibilidade e transportes, que investem na quantidade e qualidade do transporte público?

Onde estão as políticas que obrigam à construção de “edifícios verdes”, sejam eles industriais, de habitação ou de serviços, que optimizem o consumo energético proporcionando mais conforto?

Onde estão as políticas que promovem a reabilitação de fogos e edifícios devolutos nos centros das cidades e travam, com vigor, a construção desenfreada e de baixa qualidade?

Onde estão as políticas que impõem a reutilização dos recursos hídricos, des. a reutilização da água da chuva para as regas, reutilização de águas residuais em limpezas de vias públicas, ou a simples utilização da água dos banhos para as descargas sanitárias?

Onde estão as políticas que firmemente impõem regras de melhor produzir e que punem, com mão pesada, os prevaricadores?
Onde estão as políticas que exigem, em todos os sectores económicos, a substituição dos recursos não renováveis pelos renováveis?

Onde está a verdadeira política ambiental dos Estados?

Pois bem, de conversa já estamos todos fartos. É tempo e mais que tempo de começar a agir com vontade.

Faça uma viajem virtual pelo nosso planeta e veja o filme “Home - Nosso Planeta, Nossa Casa”, inteiramente filmado do céu, aqui

domingo, 18 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lágrima de preta - António Gedeão



Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Democracia a baixo custo!



Outro dia, em conversa, alguém, zangado com o seu próprio partido, desabafava:
- Para que querem eles tantos deputados? Se é para dizerem todos o mesmo, basta só um!

Tratei logo de aproveitar a ideia e desenvolvê-la como se fosse minha:
- É isso mesmo! Para que queremos nós 230 deputados se podemos ter apenas 6 (um por cada um dos partidos representados na Assembleia)? Para funcionar sem problemas, os elementos dos partidos que quisessem, reuniriam antecipadamente e acertavam uma orientação de voto. No hemiciclo, o seu deputado exerceria esse direito de acordo com o que fosse decidido pelos seus pares. Aliás, é assim que fazem sempre, só que estão lá todos para levantar a mão na hora da votação.

- Põe-te a dizer isso, põe, depois acusam-te de reaccionária – Dizia o meu interlocutor.

- Reaccionária qual quê? – Repliquei – É uma ideia bem democrática. Não estou a dizer que cada um só teria direito a um voto. Não! Seria como nos condomínios: Cada condómino tem tantos votos quanto o total de unidades inteiras da percentagem ou permilagem de todas as fracções que possui. Aqui funcionaria exactamente da mesma maneira: No Parlamento a cada deputado, de cada um dos partidos, caber-lhe-ia um número de votos equivalente ao número de deputados que actualmente fazem parte do seu grupo parlamentar. Continuaria a usar-se o método de Hondt, não para achar o número de deputados do partido, mas para achar o número de votos do deputado desse partido. A representatividade ficava assegurada...

...Assim, por exemplo, na legislatura actual, o deputado do PS teria direito a 97 votos, o do PSD a 81, e assim por diante…

...Quando se procedesse às votações, era tudo muito mais simples e rápido e ficava muito mais barato à Nação… com o mesmo efeito.

- Diz isso muito alto, que vais ver tudo a cair-te em cima – continuava o verdadeiro (mas arrependido) mentor da ideia – Achas que alguém abriria mão dos seus lugares?

Sem perder o entusiasmo retorqui:
- Que assim não fosse! Para que isso não acontecesse, elevaríamos ao máximo o princípio da rotatividade. Ou seja, no Parlamento continuaria a ter assento apenas um deputado, mas todos os elementos das listas teriam o direito de tomar o seu lugar. Não o podiam fazer todos ao mesmo tempo, mas rodariam conforme as suas conveniências… A única coisa que mudava eram os ordenados – seria paga uma determinada quantia por sessão, à semelhança do que acontece com os deputados municipais… Acabariam as reformas e as ajudas de custo exageradas e todas as outras imoralidades…
...Quer uma ideia mais democrática do que esta?

- Pois é, mas às vezes os deputados do mesmo partido têm opiniões diferentes e votam de forma diferente… - Dizia ele.

- Está bem. Nesse caso, na hora da votação, esse deputado informaria quantos vezes votaria contra, quantas a favor e quantas vezes se abstinha. Aí funcionariam mais dois princípios fundamentais da democracia: A lealdade e a confiança. – Continuava eu.



Pronto, pronto, está bem, é uma ideia estapafúrdia… “Vou mas é calar-me para casa!” (como dizia a Mafaldinha), antes que seja saneada!!!

terça-feira, 13 de abril de 2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

Liberdade


— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, in 'Diário XII'