domingo, 31 de janeiro de 2010

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Casamento entre pessoas do mesmo sexo e adopção – perspectiva infantil



Uma mãe resolveu perguntar aos seus três filhos, qual a opinião deles sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e eventual adopção de crianças.

B, 9 anos, sexo feminino;
G, 8 anos, sexo feminino;
M, 5 anos, sexo masculino.

A conversa resultou nisto:
Mãe – O que é que vocês acham se duas pessoas do mesmo sexo se quiserem casar?
G – Porque é que nos estás a perguntar isso?
Mãe – Gostava de saber a vossa opinião.
B – Eu acho normalíssimo, qual é o problema?
G fica pensativa e em silêncio sem querer transmitir a sua opinião. Olha para os irmãos, mas nada diz.
M – Cada um é que sabe, não é mãe? Ninguém tem nada com isso. Qual é o problema? Então… um marido casa com outro marido e uma mulher casa com outra mulher…
B – Pois, qual é o problema? Então, se duas pessoas gostam uma da outra e se querem casar, que importa se são do mesmo sexo ou de sexos diferentes.
M – Claro, era um marido e outro marido… tatatata (marcha nupcial)… até eu, podia arranjar um marido, não podia mãe?
G mantém-se calada, olhando os irmão e a mãe com alguma desconfiança, mas sempre muito pensativa. Não queria ter uma opinião diferente, não se queria manifestar.
G – Temos mesmo que responder a essa pergunta, mãe?
Mãe – Claro que não, eu é que gostava de saber a vossa opinião, nada mais, mas se não quiseres dar opinião, não és obrigada.
Mãe – E se vocês conhecessem alguém que gostasse e quisesse casar com outra pessoa do mesmo sexo? Iriam olhar de lado essa pessoa? Iriam rejeitá-la?
G fala pela primeira vez no assunto – Não, isso não, claro que não…
B – Claro que não, eu acho “super” normal, rejeitar porquê?
Mãe – Bom, e se um casal homossexual quisesse ter filhos?
Uníssono – Isso não é possível, mãe!
B – Só um homem e uma mulher é que podem ter filhos!
Mãe – Sim, mas se quisessem adoptar?
B – Ah, assim está bem. Se quisessem adoptar podiam… logo que tratassem bem o filho. Eu cá por mim preferia ter dois pais ou duas mães que gostassem de mim e me tratassem bem, do que um pai e uma mãe que me batessem, não me ligassem e isso…
M – Sim, eu também.
G mostra-se engasgada, mas nada diz.
M – Acho que não faz mal. – De repente lembra-se de algo – Ai, mas e depois, como é que fazia… no dia do pai ou da mãe, fazia prendas para que?
B – Ó M, fazias normal, se tivesses dois pais fazias duas prendes no dia do pai, se tivesses duas mães fazias duas prendas no dia da mãe!
M – Ah, está bem, podia ser…
G, finalmente diz tudo o que pensa, se uma só vez, de rajada.
G – Pronto mãe, é assim: eu acho isso tudo uma vergonha! Eu ia ter muita vergonha de ter dois pais ou duas mães. Claro que não iria rejeitar ninguém por isso, se conhecesse alguém assim não ia deixar de ser amiga deles, mas eu para mim não queria… É assim: cada um é que sabe da sua vida, mas que é uma vergonha é. E imagina, uma criança já tem tristeza porque não tem pais, e ainda ia passar pela vergonha de ser adoptada por dois pais ou duas mães? Na escola toda a gente a ia gozar. Eu não ia, mas ia ter pena. Não ia deixar de ser amiga dela por causa disso, mas que ia ter pena, ia. É como o caso do Z (um amigo), não tem mãe, e eu tenho pena… não estou sempre a pensar nisso, mas quando penso, tenho pena… mas não é por isso que não sou amiga dele… tenho pena, pronto.
Agora que é uma vergonha, é. Eu não queria, ia ser infeliz, preferia ficar no orfanato.
B – Olha que no orfanato não deve ser nada bom…
G – Está bem, mas deve ser melhor que ter dois pais ou duas mães…
M – Eu não me importava.
B – Eu também não.
G – Mas pronto, eu importava, e agora não me apetece falar mais nisso.


Esta conversa deixou-me a pensar… Talvez ainda tenhamos que percorrer algum caminho para acertar ponteiros…

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Se os Tubarões Fossem Homens - Bertold Brecht



Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adoptariam todas as providências sanitárias possíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não morressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Levar-se-ia os peixinhos a pensarem que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo, os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros. As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que se entendam uns ao outros. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as goelas dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as goelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também professariam uma religião.
Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um bocadinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmo obteriam assim, com mais regularidade, bocados maiores para devorar. E os peixinhos maiores que detivessem os cargos velariam pela ordem entre os peixinhos mais pequenos, para que estes chegassem a ser professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante.
Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Gripe H1N1 – Então em que é que ficamos?


Agora é Wolfand Wodarg, quem vem dizer que o anúncio da Organização Mundial de Saúde (OMS) alertando para uma pandemia «é um dos maiores escândalos médicos do século, um negócio para a indústria farmacêutica», um caso que deve ser investigado pelo Conselho da Europa. (ver aqui)

Ora, atendendo a que Wodarg é o presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa… que mais podemos pensar?

Não me chamem ignorante… as dúvidas surgem ao mais alto nível!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Um Poema, por Amílcar Furtado

A "sonorização" deste poema, declamado em Lingua Gestual Portuguesa, encanta-me!

Não, não me enganei na palavra...

Ao vê-lo, acabei por ouvi-lo... Senti que todos os fonemas surdos se transformaram em sonoros!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Dar valor ao que é nosso II

No concurso "I Love Europe", Diana Jung, uma jovem portuguesa, aluna da Escola Superior de Artes e Design (ESAD), está entre os dez finalistas. Este concurso é organizado pela Comissão Europeia e a iniciativa destina-se a escolher um cartaz que assinale o Dia da Europa.
O trabalho abaixo foi o que Diana apresentou, o qual já foi seleccionado entre 1700 que concorreram.






Os 10 finalistas são votados online. E pode fazê-lo aqui.
Da mesma forma, poderá apreciar os trabalhos dos restantes finalistas.

Espero que a sua preferência vá para a Diana.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Diferenças!



Ainda assim, sou feliz por ser europeia!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Cocteau Twins - Ivo

A pedido de muitas famílias, publico esta música...

Pronto, pronto, está bem, não foi a pedido de muitas famílias, foi por sugestão do Dedo Político, a quem eu prometi uma postagem deste tema...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Reuniões formais, mas caseirinhas!



- Mãe, precisamos de ter uma reunião!
- Precisamos? Está bem, vamos lá falar.
- Fica marcada para Domingo às 6h da tarde. Dá-te jeito?
- Dá-me, está bem, mas não pode ser agora?
- Não mãe, as reuniões têm que ser marcadas com antecedência. Domingo, às 6h da tarde, está bem para ti?
- Pronto, está bem, então Domingo fazemos a reunião.
- Vou perguntar ao pai e aos meus irmão se podem. Depois confirmo-te.

(Eles nunca se esquecem do dia marcado!!! Quando chega a hora, lembram-me sempre: “Mãe, hoje é o dia da reunião!” E se eu já me tiver esquecido, ficam todos chateados, e não resistem a comentar: É sempre a mesma coisa…)

As reuniões formais, cá em casa, são frequentes… e às vezes eu até tenho medo…
Foram os infantes que as instituíram e sentem-se importantes e orgulhosos por isso.
Geralmente os assuntos são gravíssimos! Ora porque nós pais fomos injustos, ora porque discutimos, ora porque eu fumo... Pois… e normalmente eles têm razão.

Quando somos nós, os adultos, a “convocar” a dita reunião, o assunto prende-se, normalmente, com o comportamento não muito correcto dos filhos e com os castigos a aplicar. (Dessa eles já não gostam nada). Nestes casos, é realizada no dia da asneirola.

A reunião tem regras, não é à balda e o tom é sempre muito solene – no início cada um tem um tempo (o que precisar) de exposição do assunto que quer ver tratado, coisa que é determinada previamente. Depois, segue-se o debate - mas sempre que alguém quer falar, tem que levantar o dedo e esperar pela sua vez. Quando um fala, os outros estão obrigatoriamente calados.
Não temos púlpito, mas o orador é obrigado a ocupar um lugar de destaque (normalmente de frente para os ouvintes).
Frequentemente faz parte da ordem do dia, assuntos como as tarefas domésticas… É que nenhum de nós gosta de as executar… e depois, pronto, lá vem à baila a quantidade de vezes que um fez mais não sei o quê mais do que o outro, e não é justo.
Nem sempre dizemos coisas agradáveis, fazemos algumas queixas, pedimos contas e fazemos cobranças…

Outro espécie de reuniões, são as de carácter individual. Normalmente eu e um dos filhos, mas também as fazem com o pai.
Essas são absolutamente secretas e pessoais. Decorrem no meu quarto, e enquanto não terminarem, ninguém as pode interromper. Os elementos que nesse dia são excluídos, respeitam-nas sempre, e se por acaso precisam de ir ao meu quarto fazer qualquer coisa, pedem desculpa por violar o protocolo.
Conversamos sobre as suas preocupações, as suas mágoas e dores, mas também sobre alegrias e romantismos... São os nossos segredos!

Também reunimos em conselhos de família. Estes conselhos são bem mais descontraídos e divertidos que as modalidades anteriores. Usámo-los para discutir coisas como o nosso destino de férias, um fim-de-semana especial…
São temas bastante agradáveis, e por isso deixam-nos um tanto ao quanto excitados e incapazes de cumprir as regras: fazemos balbúrdia, falamos todos ao mesmo tempo (e muito alto), levantamos o dedo, mas não esperamos pelo nosso tempo de expor e dispensamos a regra de orar em lugar destacado… Rimos, rimos muito, e ouve-se muitas vezes a expressão “já sei, já sei, podemos…”
Todos dão sugestões, e todas são ponderadas… facilmente chegamos a um consenso… pois o que queremos todos é diversão!

(A reunião já vai ser hoje às 6h da tarde… até estou para ver o que se vai passar!)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Petição pública pelo alargamento do acesso ao subsídio de desemprego

O Bloco de Esquerda lançou uma Petição Pública pelo alargamento do acesso ao subsídio de desemprego.


Quem quiser assinar, pode aceder à Petição aqui.




domingo, 10 de janeiro de 2010


Não há lágrimas que afaguem a dor de uma morte!


Adoro-te meu irmão, esta é para ti!


Até já...

sábado, 9 de janeiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

POBRES DOS NOSSOS RICOS - Mia Couto















POBRES DOS NOSSSOS RICOS
A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.

Mas ricos sem riqueza.

Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.

Rico é quem possui meios de produção.

Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem.

Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".

Aquilo que têm, não detêm.

Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.

É produto de roubo e de negociatas.

Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.

Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

Necessitavam de forças policiais à altura.

Mas forças policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia.

Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.

Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)

MIA COUTO

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Peter Murphy






All Night Long
Peter Murphy

When the night is closing
Eyes are running wild
Then I hear you humming
All night long

The sign I see it
Tell me am I true
All I need from you is
All I see

This city's paved with cold
Playboys buying fun
Seems there is no hunter left
Without his hunting gun

Can you feel the light
The air is wild open
Oh you see the light it's coming through
It's there in the distance
Always offered to me
Always coming over a hill

Oh your see-saw smile
Lasts me all night long
Like a siren's curl
When the night is long

Now come hold my hand
No bad vibe hearts
Hold my hand you know
This journey could be long

Yeah the seasons come in
All the nights are woven
All the nights we'll see them through
Ahh no hundred men now
Would dare cut into us
We'll go on and see it through

Belle,
Une rose qui a joue son role
Mon Miroir,
Mon clef d'or
Mon cheval
Et mon gant sont les cinq secrets de ma puissance

Je voulais livrer
Il vous suffira de mettre ce gant
A votre main droite
Il vous transportera ou vous desirez l'etre

When the night has come in
Your eyes are running wild
Then I hear you humming
All night long

Yeah the sign I see it
Yeah the times I see it
All I need to know from you
Is all I see

Can you feel the light
The air is wild, open
Oh you see the light,
It's coming through
It's there in the distance
Always offered to me
Always coming over a hill
Yeah the seasons come in
All the nights are woven
All the nights we'll see them through
Ahh no hundred men now
Would dare cut into us
We'll go on and see it through

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Homenagem a Albert Camus

“O absurdo reside na oposição entre a necessidade humana de sentido, por um lado, e o mundo indiferente e sem sentido, por outro.”



Faz hoje 50 anos que morreu Albert Camus!

Albert Camus nasceu em Mondovi Argelia, onde estudou. Em 1934, aderiu ao partido comunista francês, tendo sido denunciado como trotskista. Durante a guerra, entrou para o grupo da Resistência Francesa Combat. Em 43, tornou-se editor do jornal Combat e, quando os Aliados libertaram Paris, Camus fez um relatório sobre o último dos combates. Ficou conhecido como escritor e filosofo existencialista, ao lado de Jean- Paul Sartre, mas, ao contrario de Sartre recusou apoiar Josef Stalin, e todo o tipo de totalitarismo.
Os seus Escritos reflectem sobre a experiência do absurdo na condição humana.
Em 1942, publica O Estrangeiro, talvez o seu livro mais conhecido e mais tarde A Peste, O Mito de Sisifus, e muitos outros.

Na verdade, Camus evidenciou-se como filosofo; como escritor, publicando romances, contos, ensaios, peças para o teatro, artigos jornalisticos; como produtor de cinema e dramaturgo, mas para mim, Camus foi, fundamentalmente um homem de ideais, um revolucionário, alguém que fez pulsar o mundo e que conseguiu fazê-lo avançar.

É, sem dúvida, um dos meus autores preferidos a quem não podia deixar de prestar homenagem.