terça-feira, 16 de março de 2010

Educação - o problema da violência

A ministra da Educação, Isabel Alçada, afirmou que vai ser aprovado um diploma para reforçar a rapidez na intervenção do director em caso de agressão, podendo os alunos agressores ser suspensos imediatamente logo após a ocorrência da agressão. aqui

Naturalmente, louvo esta medida.
Repor a autoridade de professores de demais agentes educativos, será, sem dúvida, o primeiro passo para solucionar este dramático problema.
No entanto, parece-me que, a par desta, deveriam ser primordialmente valorizadas medidas de prevenção do bullying, da agressão.
Nas escolas ainda graça a falta de conhecimento das características deste fenómeno. Desconhece-se como ele se manifesta e como se desenvolve.
Assim, entendo dever-se apostar cada vez mais na formação – de professores, educadores, funcionários das escolas, e também pais – sobre a forma de actuar em casos de violência (física ou verbal) perpetrada por crianças e adolescentes.
Na mesma esteira, deve ser estreitada a supervisão dos espaços escolares, designadamente dos recreios, por funcionários preparados, para pôr cobro a qualquer situação desta natureza.
Dinamizar os recreios, com jogos colectivos, que tenham em vista o apertar das relações do grupo, poderá ser uma forma interessante e despreocupada de orientar os alunos para a solidariedade e partilha.
As associações de pais, interventivas, para além de vincarem as ligações, tantas vezes inexistentes, entre escola e família, devem servir como pólo fiscalizador e detector destes comportamentos.
É fundamental que nas escolas, ou com ligação a ela, existam estruturas de apoio psicológico especializadas, direccionados aos alunos, quer às vítimas, quer aos agressores. As questões emocionais devem ser tratadas com toda a sabedoria: Da banda da vítima trabalhando a forma de repor os níveis de auto-estima e de defesa; no caso dos agressores, ensinando-lhes competências sociais, de partilha, de cidadania.

8 comentários:

  1. Teresa, eu vivo "por dentro" estas questões e posso garantir uma coisa: se há alguém com poder de intervenção na prevenção do bulling são os auxiliares de acção educativa, agora ridiculamente designados "assistentes operacionais" (!!!), vulgo, funcionários.
    São eles que acompanham as crianças nos espaços escolares fora da sala de aula, onde se dão os conflitos. No entanto as escolas sempre sofreram com uma enorme falta de funcionários. Mas nos últimos anos o Ministério tem caprichado nisto: diminuir o numero de funcionários para poupar dinheiro! Além disso, eles estão numa situação cada vez mais precária, cada vez mais mal pagos, cada vez mais desmotivados.
    É assim este país! Acho que não vale a pena dizer mais nada!

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  2. No meu ponto de vista a raiz do problema reza nos principios básicos da educação, que há muito foram deixados ao acaso com o cada vez menos tempo que os pais têm para educar os seus filhos. Vivemos onde a disciplina já não impera.

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  3. Manuel,
    Percebo o que e diz, mas não consigo ver este asunto de uma forma tão simplista.
    Não me parece que o problema se resolva apenas com funcionários polícias, até porque muitas destas coisas se passam também na sala de aula...
    Creio que a responsabilidade cabe a cada um de nós: a nós pais, que nos demitimos da nossa função de 1ºs educadores, que cada vez temos menos tempo para falar com os nossos filhos, e estamos sempre prontos a castigá-los e a usar violência, e que não aceitamos ver qualquer problema dos nossos filhos, quer quando eles são os abusadores, quer quando eles são as vítimas; aos professores, que muitas vezes não têm preparação nem vontade para lidar com estas situações, aos directores, que não querem fazer transparecer uma imagem negativa da escola, de conflito, nem também sabem o que fazer; aos funcionários, como diz, que nem têm preparação específica (e também, coitados, são em pequeno número); ao ministério, que continua a dar parcas respostas ao problema, e pior, andou anos e anos a retirar autoridade a todos os agentes educativos... enfim, cada um de nós com a sua quota parte... e se cada um de nós quisesse mudar e muito se faria...

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  4. Angel in the dark,

    Conto-lhe uma história real:
    O professor da minha filha mais velha chegou este ano a esta escola para leccionar uma turma, de 4º ano, carregadinha de problemas a todos os níveis. Esta turma começou o 1º ano com 18 alunos. Como tal, todos os alunos transferidos de outras escolas (por problemas) foram, ao longo de 3 anos, integrados nesta turma. Outros foram saindo. A turma teve, em 3 anos, 3 professores diferentes: uma professora no 1º ano e 1º e 2º períodos do 2º ano, outra no 3º período do 2º ano e um professor no 3º ano. Era uma turma que, além de não estar nada preparada no que respeitava aos conteúdos lectivos, conflituava bastante, quer entre si, quer com as restantes turmas.
    Ora, o actual professor, logo na 1ª reunião de pais, tratou de avisar que iria lutar contra o preconceito e contra os maus tratos perpetrados pelos seus alunos.
    O que fez? Em primeiro lugar está atento, muito atento, e conhece perfeitamente os seus alunos. Depois usa estratégias de grupo e de integração. Valoriza todos os alunos pelo que eles são. Não menospreza e ensina os meninos a fazer o mesmo. Ensina valores e chama a atenção.
    Na reunião de pais de final do 1º período, não teve qualquer problema em confrontar os pais com as faltas de respeito dos filhos em relação aos colegas. Fala no assunto e espera respostas…

    Enfim, o problema não está de todo resolvido, não está, mas que está muito minorado, lá isso está. Quem viu esta turma e quem a vê… pode perfeitamente pensar que não é a mesma…

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  5. É isso mesmo, a solução dos problemas não está na forma mas nas pessoas. Existem professores que lidam melhor, outros que lidam pior. No geral a sociedade está a decair no que toca a disciplina.

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  6. Belzebu,
    Sim, deviamos aprender, todos, a lidar melhor... E a saber gerir a autoridade de forma "amena".

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  7. Sou admiradora desse professor. Muito tenho a aprender.

    (este post foi publicado naquele dia em que é costume eu ligar-te para tu me dares os parabéns. Há que tempos que não vinha cá Tati, ups!, Teresa)

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  8. Gé (ou melhor Angélica!!! lol)

    Eu também...

    Aliás, quem me dera que ele fosse prof. do Miguel para o ano... (se não fores tu, claro!), mas parece que não vai ser.

    Pois foi, pois foi... ererere! Bem, como vês... tenho desculpa para ter esperado pelo teu telefonema... estava ocupada com problemas...:))))

    E sim... há que tempos que cá não vinhas... foi preciso pedir-te de joelhos para voltares, mas pronto, está bem!!!

    Beijinhos

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