terça-feira, 6 de abril de 2010

Liberdade


— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, in 'Diário XII'

8 comentários:

  1. Bonito poema. Muy agradecido por tu paso por ArteTorreherberos. Seguiremos en contacto. Saludos.

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  2. Cara Teresa Fidalgo
    um poema, umas palavras que nos fazem debruçar sobre a verdadeira essência da igreja...uma hipocrisia. Bem vistas as coisas, que papel tem tido a igreja católica no avanço do homem? Qual o bem que lhe devemos? Que intervenção directa tem ela tido na evolução do pensamento? Apenas a sinistra recordação de que muitos locais nos falam de um auto de fé. A hipocrisia sucumbe à sabedoria dos sábios.
    Briosas saudações

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  3. Marquês,

    Ele diz e eu subscrevo...

    Beijinhos

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  4. Paco Hidalgo,

    Obrigada pela visita... gostei muito do teu blogue... por isso, sim, voltarei!

    abraços

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  5. Poeta do Penedo,

    Na verdade, tudo depende de nós e apenas de nós...
    ... Quanto a mim, diria que a intervenção da igreja no pensamento tem sido mais na forma de o manter estanque... (evolução é mais ou menos equivalente a heresia!)

    O que é preciso é encontrar dentro de cada um a força para mudar o mundo...

    Retribuição das saudações

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  6. Olá Teresa!
    Saudações Literárias...
    Parabéns! Muito bom o espaço.
    Sempre que puder voltarei.
    Abraços de Luz.
    Visite o ILUMINANDO A VIDA.

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  7. Fernando Antonio Pereira,

    Obrigada pela visita e pelos elogios...

    Logo, logo irei visitar o seu cantinho...

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